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Sempre só 

 Num bairro pequeno,todas as novidades se sabem,afinal nem é bem por saber da vida de todos,mas uma espécie de boas vindas.

Eis que num dia chuvoso,um camião para junto a uma casinha modesta,situada nesse mesmo bairro e começam a descarregar móveis,caixas e mais caixas e através de muitas janelas os olhos estavam postos na imagem da entrada de tudo na velha  casa ,assim como na figura daquela jovem de cabelos pretos,esguia ,vestida de negro e está claro que as perguntas íam sendo feitas mentalmente  ,cuja curiosidade estava a ser aguçada:

-Uhm, quem será? Toda de negro,figura diferente que não deixava o julgamento em mãos alheias.

-Juliana, a nova vizinha,deu por isso,mas pensou que era espreitada ,afinal numa cidade pequena era normal,o diferente chamava a atenção,mas não ligou,afinal queria viver em paz e realizar os sonhos que tinha desde pequena.

Tentou viver isolada,afinal tinha muito trabalho para fazer e não podia parar,vivia a 100%,trabalhava de sol a sol e não podia perder tempo para sentir se era bem vinda ,ou não,mas isso era o que menos a preocupava.

Seus dias corriam muito preenchidos,estava a conseguir realizar as encomendas e estava bem perto de seus clientes a irem visitar.

 O tempo foi passando,Juliana vivia só,sem ninguém para repartir suas alegrias,ou tristezas,mas sabia que sua resolução de viver isolada iria ter bons resultados no futuro.

Enquanto isso ,os olhos curiosos,iam espreitando,para saberem o que fazia aquela jovem,afinal só se via no mercado ou na farmácia,que segredos escondia!!!

Todas as noites à espreita,conseguem ver através da janela pouco iluminada,porque os cortinados escondiam,que Juliana estava acompanhada,mas quem eram? Todas as semanas viam homens diferentes ,como entravam?De onde vinham?

Uns morenos,outro loiro,um careca,afinal julgar Juliana foi fácil a prova estava lá.era visível através da janela,Juliana era uma mulher que recebia muitos homens e alguns vinham várias vezes na semana.Juliana era mulher misteriosa,mas o povo tinha descoberto e não aceitava.Juliana começou a ser falada e meio mundo a julgava.

Mesmo sem saber,Juliana continuou a fazer o que mais tinha querido fazer na vida,fazer nascer sua arte,arte que falava,dançava e preenchia sua vida.

O grande dia chegou,Juliana viu chegar seus clientes ,um camião vinha carregar o seu trabalho,ela estava mais feliz que nunca,seus companheiros de trabalho com os quais dançava,falava,iam seguir viagem e mostrar ao mundo a sua arte,aquela com quem repartiu os melhores momentos da sua vida,aqueles que lhe permitiram criar e ser quem é,tinha batizado tudomo sr.Carvalho,sr.Silva,sr.Monteiro,afinal foram sua companhia,permitiram criar,e atenuar a solidão que vivia nestes últimos meses,a vizinhança não a aceitava ela sentia isso,sentia as atitudes,mas também seu trabalho tinha meta e ignorou.

Tudo estava a ser carregado,caixas,cabides e por fim a despedida dos seus companheiros,um a um os abraçou,falou e viu-os a serem carregados para dentro do transporte.

Cuidado, dizia ela,tem que chegar tudo direitinho,meus modelos são criação minha para a grande festa .Sigam,adeus sr,Monteiro ,Carvalho,Silva,meus grandes amigos.

De dentro das várias janelas fechadas,estavam caras com um oh saindo das suas bocas abertas em total ponto de exclamação,afinal julgaram mal,afinal pelo que ouviram no silêncio ,Juliana não era o que julgaram,ela era uma grande modista a quem tinham encomendado fatos completos de cerimônia,o sonho de Juliana, modista,mas como existia sonho,ela falava com os manequins,dançava com eles,por isso viam os movimentos e escutavam as falas ,como se recebesse homens na sua casa.Triste o julgamento!!!

Triste porque o estar vestida de negro não podia a catalogar, censurar ,

Triste porque os olhos e ouvidos a julgaram,triste porque tirar conclusões antecipadas levaram a engolir sapos e triste porque nem tudo que parece,é.


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