TRECHO DO CONTO *ATRAVÉS DO ESPELHO* DO LIVRO *MOÇA VINTAGE*
Hoje moça, vai Vintage falar, mas hoje não há espelho, não há toque, não há conversa.
Quero-te muito e sei o longo caminho que ainda tens que percorrer, estás nos 30 anos, muita coisa ainda vai acontecer, mas vou ter de deixar tu viveres e sentires, para assim poderes dar o valor que mereces. Vintage é feliz sim. Não é fácil ver o tempo passar rápido demais, olhar para dentro de nós e sentirmos que falta algo, que nestes 30 anos não vivestes, não falastes e não sentistes tudo. Muita coisa foi ficando para último lugar, na espera que houvesse um espaço onde se pudesse sonhar. Se te dissesse isto, poderias pensar: olha a egoísta. Mas não sou, a única coisa que peço é poder transformar minhas coisas em sonhos.
Sou carente sim, muito, uma lacuna minha que deixei de utilizar a palavra amor, deixei de dizer, deixei o buraco em mim ultrapassar o meu querer. Se ser feliz é ter vida boa, casa, carros então sou a mais feliz das mulheres. Se ser feliz for a necessidade de ouvir eu te amo, ou querida, ou amor, ou um olhar repleto de ternura, aí começa o buraco, algo que entranha e vai abrindo e abrindo e não sabes que é, mas sabes que dói, que te corrompe, que te faz chorar, que te faz correr para o teclado e escreveres coisas sem nexo, como o que aqui escrevi. Uma ajuda psicológica podia ser uma solução, poder falar, dizer o que sinto, gritar, chorar, mas o texto aqui faz o mesmo. Assim são devaneios de uma mulher de 60 anos com mente de 30 anos. Este texto vais ler um dia, devaneios de teu futuro... mas quero que saibas que se voltasse atrás, faria tudo igual... um beijo, Moça, meu alicerce, minha voz... meu passado...
Comentários